segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

A desumanidade pede passagem

Leo de Brito alerta para cadeia de atrocidades que está atingindo a humanidade com ascensão da direita


Em artigo, o deputado Leo de Brito (PT-AC) analisa a cadeia de atrocidades cometidas por pessoas no Brasil e no mundo. “O pavio da intolerância, do desrespeito e do individualismo está aceso. Se os homens não pararem para refletir sobre seus próprios atos, a explosão é certa”. Leo lembra os episódios que rodearam a morte da ex-primeira-dama dona Marisa Letícia, que surpreenderam pela insensibilidade e pela má-fé daqueles que, por oportunismo político ou preconceito de classe, encheram os noticiários e redes sociais com as mais desqualificadas injúrias. Para ele, a direita semeia mentiras sobre a integridade física e moral de quem se opõe a ela. Cita ainda a tragédia de Campinas, na passagem de 2016 para 2017. E Donald Trump, “que talvez represente a maior ameaça à civilização em toda a história do mundo”.
Leia a íntegra:
A desumanidade pede passagem
Quando a barbárie se instala, a humanidade morre. A cadeia de atrocidades cometidas por criaturas que dizem pertencer à espécie humana aumenta a cada dia, no Brasil e no mundo. O pavio da intolerância, do desrespeito e do individualismo está aceso. Se os homens não pararem para refletir sobre seus próprios atos, a explosão é certa.
Os episódios que rodearam a morte da ex-primeira-dama do nosso país, dona Marisa Letícia, surpreendem pela insensibilidade e pela má-fé daqueles que, por oportunismo político ou preconceito de classe, encheram os noticiários e redes sociais com as mais desqualificadas injúrias.
Para emplacar um pensamento político hegemônico favorável ao golpe neoliberal em curso, a direita semeia mentiras sobre a integridade física e moral de quem se opõe a ele. Dona Marisa foi, em vida e na morte, uma das vítimas dessa prática desumana.
Reproduzidas em larga escala pela mídia e sectários nas redes sociais, essas construções da extrema direita ganham credibilidade, flagelam e matam. Na passagem de 2016 para 2017, a cidade de Campinas foi cenário de uma tragédia que foge de tudo o que se poderia chamar de humano. Minutos antes da virada do ano, 12 pessoas de uma mesma família foram assassinadas pelo ódio de um homem que assimilou e agiu em função deste discurso reacionário que prega o desprezo, a descrença política, a intolerância e o preconceito contra as mulheres. Nessa o próprio filho foi vítima.
Outra triste estatística que descortina a desumanidade de uma nação é a das chacinas nos presídios, que tiraram a vida de centenas de encarcerados pelo país. Vergonha maior é ver que muita gente apoia tamanha violência, e incentivam truculências como as que lamentamos ter presenciado.
Já o recém-empossado presidente americano, Donald Trump, fortalece ainda mais minhas preocupações, que compartilho com toda a sociedade. Donald Trump talvez represente a maior ameaça à civilização em toda a história do mundo. Indiferente a qualquer princípio democrático e humano, Trump mal chegou e já proibiu a entrada de pessoas de oito nacionalidades – em sua maioria muçulmanos. E já começou o bloqueio ao México, com o projeto de erguer entre eles o Muro da Vergonha.
A intolerância construída por um pensamento de direita ganha força. Aqui, com a desculpa de reformas econômicas para realizar o programa “Ponte para o futuro”, Temer corrobora com Trump e vai construir mesmo uma barreira ainda maior entre ricos e pobres no Brasil.
A aprovação da PEC 241/55, que congela gastos públicos por 20 anos, condenará à morte milhares de brasileiros. Essa decisão é a pena capital para milhares de pessoas que terão a saúde impactada por essa medida irresponsável. Estamos falando de fechamento de leitos hospitalares, de encerramento de serviços de saúde, de demissões de profissionais, de redução do acesso, de aumento da demora no atendimento, sem falar na redução de investimentos em educação.
Desde que usurpou a Presidência da República, o golpista Michel Temer busca implementar uma reforma na Previdência Social. Dentre as mudanças propostas está a instituição da idade mínima para 65 anos para aposentadoria, igualando homens e mulheres. Mais um ato desumano que a sociedade, atordoada com tanto diz-que-não-diz-que, recebe de cabeça baixa. Definitivamente, a desumanidade está em moda, e pede passagem.
*Leo de Brito, deputado federal (PT-AC)
Presidente da Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara